Estavam os dois sentados no muro que suportava as grades infernais da escola. Manuseavam ambos os seus cigarros de uma maneira peculiar e diferente, faziam-se mudos e indiferentes. Fumavam, só.
O frio fazia questão em chamar a atenção toda a gente, eles, orgulhosos, forçavam as mangas dos casacos o mais que podiam e escondiam os pescoços nas golas curtas. Jurava ter-lhes lido o pensamento, queriam-se aquecer mutuamente, mas eram orgulhosos.
Vi ela a olhar sorrateiramente para ele e ele não queria saber, ele não olhava. Procurava outro rosto, outros sorrisos, outros olhares. Ela consentia, ela tentava encontrar outro alguém que fumasse em companhia, porque o corpo dele estava lá mas a alma não. Estava escondida, oculta em algum lugar sombrio onde já nada conseguia suportar, só as músicas dos Nirvana que não fazia nada o género dele.
Já passaram dias e ela deixou de aparecer para fumar no lugar de sempre. Na verdade, ela nunca gostou de fumar, ela nunca foi viciada, ela só gostava de companhia, a companhia que se ausentou para sempre, de vez. E para sempre, é mesmo muito tempo.
1 comentário:
a-d-o-r-o, óh meu deus!
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