Olhei para ele, tentando fingir alguma insignificância quanto a presença dele.
«olá Duarte.»
Já me começavam a tremer as pernas.
«posso sentar-me?»
«claro que sim.»
Estava a explodir de emoções fortes, mas tentava controlar-me.
Ficamos calados, o único que falava era o silêncio e mesmo esse não sabia o que era melhor dizer naquela altura.
Até que Duarte o rompeu.
«gostava de te fazer uma proposta..»
Olhou para mim, virando o corpo para a direita.
«sim.. diz lá»
«bem..., é assim..»
Vi-o engolir em seco.
«conta lá Duarte.»
Soltei uma gargalhada.
«gostarias de vir dar uma volta comigo hoje à noite? sei lá, ir até à praia..»
Não sei o que estava a sentir naquele momento.
Sentia borboletas no estômago, sentia o sangue a circular mais depressa, sentia o meu coração fora do seu clima, sentia calor.
«gostava muito.»
«a que horas nos encontramos em tua casa?»
«ás 21h?»
«lá estarei.»
Ele piscou-me o olho, deu o último sorriso caloroso, levantou-se calmamente e foi ter com os amigos.
Saí do autocarro, as pernas continuavam a tremer e eu precisava de falar era mesmo com a Jasmine.
«Jasmine! Jasmine!»
«Ana? que foi?»
«o Duarte...»
«sim. que tem o Duarte?»
«o Duarte convidou-me para sair!»
«não acredito! mesmo?»
«mesmo! sou a mulher mais feliz do mundo!»
Durante o dia pensava e repensava em tudo que podia acontecer.
Apesar de tudo dar certo, também pensava em coisas más. Costumo ser muito negativa.
Apareceu à minha frente várias vezes ao dia, mas nunca me falava. Apenas sorria e lançava aquele olhar torrado, que me encantava. Não estou apaixonada, estou encantada.
Ao fim do dia, estava à espera do autocarro que foi levar os primeiros alunos, ele estava a dirigir-se para o portão da escola. Continuei a fingir a indiferença.
Por um instante senti a mão dele a envolver o meu braço, senti os lábios dele a dar-me um leve beijo no cabelo e senti a suavidade da pele dele quando me largou sem vontade, pois a mão dele ainda me percorreu o braço.
Corri para casa e até a lentidão do autocarro me incomodava hoje.
Quando lá cheguei encontrei a minha madrasta sentada no sofá, com os seus óculos pousados na ponta do seu grande nariz e nas suas mãos mais um livro grosso de romantismo que no fim lhe desperta sempre aquelas lágrimas de crocodilo que ela usava para se fazer de vitima quando o meu pai chegava a casa. Contando-lhe que eu e o meu irmão estávamos descontrolados, mas isso era mentira, ela é que não sabia ser uma boa madrasta.
Subi as escadas até ao meu quarto. Ouvia o psicopata do meu irmão no quarto ao lado, a cantar Bob Marley e a compor músicas com a guitarra eléctrica nova que o pai lhe tinha dado pelos anos. Não imaginava o barulho que pairava naquele andar.
Entrei no meu quarto e fechei a porta.
Desarrumei o meu armário todo e encontrei as minhas calças de ganga mais justas, a camisola caí-caí que a avó me tinha oferecido e aquele casaco branco que tinha comprado à pouco tempo.
Tomei banho demorado, sequei o cabelo com o ferro, para ficar comprido e bem esticado.
No meu pensamento, já devem fazer uma ideia quem o preenchia. Pois, o Duarte e os olhos tão castanhos e profundos do Duarte e aquele cheiro, aquele cheiro que eu desconhecia, aquele que estava na minha camisola, aquele cheiro era do Duarte, é tudo do Duarte. A minha vida, vê um Duarte.
Preparei-me, como nunca o tinha feito e desci simplesmente para comer uma taça de cereais, não queria ir toda inchada.
Voltei para o quarto e fumei um cigarro para acalmar os nervos, antes de lavar os dentes e comer um rebuçado da tosse. Podia simplesmente mascar uma pastilha de mentol, mas há um motivo porque eu prefiro o rebuçado e esse é porque este saquinho foi dado pela minha avó, pouco tempo antes dela partir. Ela soube que eu fumava e uma noite, pôs-me na mesinha de cabeceira isto, agora antes de deitar ponho um sempre na boca. Parece que me acalma.
Lavo os dentes e sento-me na cama.
Pouco tempo depois de trincar o último pedacinho do rebuçado, ouço a campainha.
É ele! Eu tenho a certeza, a certeza..
{espero que tenham gostado riquezas,
esta parte já foi maiorzinha, ly.}
esta parte já foi maiorzinha, ly.}
10 comentários:
amooooooo *W*
Embora estivesse à espera que a rapariga fosse uma personagem com uma personalidade mais difícil, estou a gostar muito!
ahahahaa!
Estou a gostar querida!
muito obrigada!
ainda não li as outras partes da história, mas gostei muito. quando tiver tempo vou tentar ler as outras.
ora essa. :)
oh, obrigada :)
De nada :D
Gostei claro, continuo a acompanhar! Agora colei na história.
Olha, mas achas mesmo que está cheio de sentimento?
Sendo assim, muito obrigado! :)
Enviar um comentário