Ás vezes, quando ouço o meu amigo Daniel, a falar do grande amor da vida dele, apaixono-me pelo amor, vezes e vezes sem conta e pergunto-me se devia aprender a amar como ele, ou como ela o ama, se ama.
Apaixono-me irreversivelmente sem dar conta e isso desgasta-me, desgasta-me a minha incapacidade de amar. Há quem me diga que é normal, eu não acho. Afinal, quem vive sem amor? Sem amor decapitado pela janela entreaberta de um regaço? Sinto-me desolada... E a verdade é que não me devia sentir assim.
Sinto-me incessante, como se ninguém à minha volta me merece e tenho tanta gente com tanto encanto. Abato-me, abato-me sobre a pedreira das minhas lágrimas à solta e mãos sufocantes agarram todas as oportunidades para as verem deslizar por entre a fraca cimentação. Cobardes. Egoístas. Porque é um tão amarga prazer para vocês verem o meu sangue sujar as vossas mãos. Não vos é suficiente toda a forma com que vocês me amassam os ossos e perfuram as minhas entranhas à procura do devassamento? Não encontram nada, tudo se varreu. Deixei-me de ser o mapa dos meus sonhos e sou apenas um recanto de existência, podem parar de me destruir e posso até eu parar de me auto-destruir. Acho que no final já sinto lágrimas.
E quando o Daniel termina o discurso dele, eu não sei muito mais que lhe deva dizer, ele sabe mais que eu, afinal, toda a gente sabe.
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